O NASCIMENTO DE UM FILME


Bom, no post anterior falamos sobre quem é o roteirista. E, digamos, que alguma curiosidade mais deve ter despertado em você... E o roteiro? O que é? Por que não é igual ao livro? (essa é uma dúvida cruel, ninguém supera filme daquele livro que ama por ser tão infiel...) Como é esse processo? Vamos tentar responder essas questões a partir dessa segunda parte.  
Sendo assim, chegamos na parte mais interessante desse post, como funciona um roteiro!

Corra! (2017) venceu o Oscar 2018 de melhor roteiro original.


Livro X Roteiro
No livro temos a narração de tudo, tudo está verbalizado na narração, o pensamento das personagens, como elas estão falando e como se dão as ações e possíveis consequências. Não que no roteiro o recurso de utilizar um narrador não seja usado de vez em quando, mas o intuito é que sem essa ferramenta, as coisas têm de fazer sentido.



E muitas vezes o livro acaba sendo adaptado para o cinema, como o caso de Extraordinário (RJ Palacio) que já falamos por aqui. E quem organiza isso tudo, com auxílio ou não do escritor, é o roteirista profissional. Muito claro que ele não decide tudo, já que o topo da hierarquia é o diretor, mas nada impede que ambos tirem ou adicionem coisas, mesmo sem consultar um ao outro ou o responsável pela obra original. Contudo, como alguns sabem, a nova franquia da autora J.K. Rowling, Animais Fantásticos e Onde Habitam (2016-hoje), ela assina a composição do roteiro. Isso me ajuda a fixar, não importa as diferenças entre livro e roteiro, se o escritor dominar ambas técnicas ou obtiver auxílio, pode exercer as duas funções. Só a pessoa que pode ser agente duplo, não o objeto. Nunca vou me esquecer da declaração do Dan Brown que mencionei no post anterior.



O bom mesmo é ler o livro e ver o filme, independente da ordem, mas apreciando adequadamente ambas obras, sem preconceitos.



Roteiro Narrativo X Roteiro Técnico

Estabelecida a diferença entre livro e roteiro de cinema (diferente também do de teatro). Eis a questão, não é tudo roteiro de cinema? Sim, é, mas um é parte quase que exclusiva do roteirista e outra é do restante das equipes que constituem um filme (direção, produção, direção de arte, direção de fotografia, som e edição). O roteiro narrativo é o documento base para todo restante da produção, ali está a essência e os comandos (a história e as falas) aprovados pelo diretor, escritos pelo roteirista.


Já o roteiro técnico vai se passar por um processo chamado de decupagem, que nada mais é o planejamento de cada cena de acordo com cada área já mencionada. Exemplificando de modo geral. A direção decupa as cenas colocando posicionamento da câmera, se ele quer um plano mais aberto ou filmar algum detalhadamente. Já a direção de fotografia muitas vezes junto com a direção de arte, determinam as cores e iluminação, uso de quais lentes e como usá-las. O som pode escolher desde as trilhas sonoras em certos momentos, até mesmo se a cena será em silêncio ou com som ambiente. E por fim, a edição faz sua decupagem da montagem e outras técnicas de edição que contribuam para a narração. Todos juntos a fim de explorar e contribuir para que tal narração ocorra por meio de imagens.


Exemplo de roteiro técnico.


Ou seja, o roteiro dá a forma ao projeto, auxiliando o trabalho das demais equipes envolvidas na produção de um filme. Sem ele, todo resto seria não só um improviso, mas provavelmente um caos.  

O processo de escrita
Todos temos ideias. Colocá-las no papel, excepcionalmente difícil! A questão é, qual seu objetivo ao contar tal história? Fazer refletir? Entreter? Criticar? Tudo começa daí, para entender para qual caminho essa narrativa vai. E para isso, haverá muita pesquisa envolvida, definir um conflito para a narrativa, trabalhar cada personagem em detalhes para desenvolvê-las o mais próximo da realidade possível, para que ela cresça e sua vida mude de acordo com o que ela terá de enfrentar (o arco da personagem).


Me Chame Pelo Seu Nome (2017), ganhador do Oscar 2018 de melhor roteiro adaptado.

Dentro desse contexto, muitos, desde escritores, dramaturgos, roteiristas e afins da narrativa, usam a Jornada do Herói, teorizada pelo antropólogo Joseph Campbell no seu livro O Herói de Mil Faces (muito aplicável a nossa vida real). Essa teoria explica as fases pelas quais o herói ou antiherói, o personagem principal, tem de passar para seguir a trajetória da narrativa. Por se tratar de um tema muito extenso, gostaria de fazer um post só sobre ele para explicar tudo que envolve esse modelo de narrativa, que pode ser alterada de acordo com a vontade do roteirista em querer modificar ou quebrar padrões, mas para isso precisa conhece-la muito bem.



 Com isso e toda a história na sua cabeça, está na hora de escrever o Argumento. Ele é quase que uma sinopse, mas muito mais um resumo da sua história, com começo, meio e fim, explicando de forma sucinta o que você vai mostrar com seu roteiro. A história geral, detalhes de personagens importantes, o intuito, etc. Tudo em poucas páginas, o que os roteiristas estipulam entre 1 a 5 páginas, depende de você e da sua história. Às vezes me imagino escrevendo um argumento e acabando escrevendo um livro! Dan Brown me entende, mesmo que no processo inverso...

" A caverna em que você teme entrar, esconde o tesouro que você mais procura." - Joseph Campbell

 Ainda tem mais duas partes, caros leitores! Próximo post mostraremos, com exemplos, sobre qual é a composição de um roteiro. Já estou ansiosa para mostrar para vocês essa parte!
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E se você quiser ter um gostinho do que é a jornada do herói do Joseph Campbell, veja esse vídeo muito bom (bem curtinho) ou qualquer outro que coloquei como referência ao final do post. :)
(Acione as legendas opcionais!)

     Onde ler roteiros:

            Brasileiros | Internacionais

Referências:
Livro: O CÓDIGO DA VINCI – roteiro ilustrado (Akiva Goldsman)
O QUE É JORNADA DO HERÓI:
Obs.: no texto contém, além da pesquisa, os conhecimentos adquiridos ao longo da vida de buscar mais sobre o cinema e essa queria que me vislumbra!


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