QUEM É O ROTEIRISTA?


Pensou que havíamos esquecido da enquete? Só demoramos um pouquinho...



    Quando saiu o resultado da enquete que montei no Facebook sobre as profissões do cinema, não tinha percebido duas coisas: que poderia render tanto assunto sobre o que é e o que faz o roteirista; tão pouco que ao montar as respostas da enquete coloquei duas áreas que representam os extremos na produção de um filme (roteiro e edição). Por isso, sendo o assunto tão extenso, faremos em quatro partes. Sendo essa a primeira parte, sobre o profissional roteirista. A segunda sobre as características de um roteiro; já a terceira, como é o rostinho de um roteiro e sua estrutura. E por fim, a quarta parte, com a análise dessa estrutura.




   E com todos que eu conversei, fui me lembrando de dúvidas que eu também tinha sobre esse processo de criação que poucas vezes reconhecemos. Uma vez que a maioria dos créditos do filme ficam com o diretor, por ser o responsável pelo filme ou por ter também sido roteirista, algo que é até comum, mas pouco recorrente. O Cinema é uma área de trabalhos em grupo, há muitos envolvidos e responsáveis e o diretor uniu tudo isso... mas, hoje, não estamos aqui para falar sobre ele.

Greta Gerwig foi roteirista e diretora de sua última produção, Lady Bird (2017)

Devemos, assim, ressaltar uma característica básica do roteirista, ele é um dos poucos, senão o único, que não participa diretamente do desenvolvimento da sua criação no set. Isso porque a sua história, assim como um filho sendo destinado para a vida adulta, é o roteiro escrito por ele. Sim, depois de horas tentando fazer brotar uma ideia, para então, gastar mais e mais horas escrevendo, rescrevendo e, não se esqueça, rescrevendo novamente. Pois, depois de escrever é o que mais o roteirista faz, os diversos tratamentos (ajustes) em seu trabalho. E, quando não atrelado a nenhuma produtora específica, sai por aí vendendo seu roteiro para quem quiser comprar, no caso os produtores. Porém, nada te impede de sair na guerrilha com seus amigos e colegas do ramo para poderem fazer esse filme acontecer.



Muitas vezes, a metáfora do filho é mais intensa no primeiro caso, porque no segundo possa ser que o roteirista acabe tendo mais liberdade e até participe da produção. Já no primeiro, ele entrega e sai torcendo para que não aconteça nenhuma das seguintes hipóteses: que lhe chamem para mais outro tratamento, ou que chamem outro roteirista para tratar seu roteiro, ou que eles decidam mudar não só as vírgulas nas falas das personagens, mas o filme inteiro, principalmente quando o diretor não trabalha em conjunto com o roteirista. Sendo esses acontecimentos, em ordem crescente, uma escala de piores hipóteses para essa profissão. Isso mesmo, pode ser que aquele filme que você acabou de assistir tenha nascido da mente de um roteirista de um jeito completamente diferente, que poderia ser ou melhor ou pior do que o resultado que você pôde assistir, só vendo para comparar.

Bráulio Montovani, notável roteirista brasileiro, envolvido em várias produções nacionais!

Mas, não pense que um roteirista pode ser tão menosprezado assim. Para se intitular de tal forma, teria que pelo menos conhecer um pouco da área. E não, não há formação para ser roteirista. A escola dele é sua cinefilia, sua habilidade desenvolvida na escrita e a capacidade de pensar em suas ideias como filmes. Simplifiquei bastante, pois também é preciso diferenciar algumas coisas e colocar alguns pingos nos "i's".

Woody Allen, muito reconhecido por seus trabalhos. Falou em roteirista, nos lembramos dele, na maioria das vezes.

Você por acaso já tentou escrever alguma história sem ter o hábito de ler? Talvez sua tentativa tenha sido um pouquinho frustrada em alguns momentos, isso se conseguiu sobreviver até terminar sua história. Isso porque, como muitos falam, um bom escritor também é um bom leitor. A escrita acaba sendo uma técnica que pode ser ensinada e observada para ser aderida com um certo sucesso, pois você tem modelos para se encontrar em meio a tantas ideias.


Adriana Falcão, roteirista brasileira com muitos trabalhos para TV e cinema.

A partir disso, entramos em duas questões.
Então, por que um roteirista não pode fazer um curso de Letras? Bom, porque essa faculdade, num geral, não tem como foco isso. Pois tanto um escritor quanto um roteirista podem ir atrás de um curso de escrita criativa para aprimorar ou desenvolver a técnica. Além da faculdade de Cinema ou de cursos livres e aprofundados sobre Roteiro. Porém, nada impede um Belestrista (pessoa formada em Letras) de sair escrevendo histórias e quem sabe, roteiros.


Christopher Nolan, esse aqui é um "faz tudo" nas suas produções, incluso o roteiro, claro!
   Escritores podem ser roteiristas? Sim, mas Dan Brown, ao escrever o prefácio do livro do roteiro de O Código Da Vinci, confessou que subestimava tal trabalho. Ao tentar passar seu livro para uma versão roteirizada, assim que pôs o ponto final no que acreditava ser a abertura do filme, seu roteiro já contabilizava cem páginas, levando em consideração que uma página de roteiro equivale a mais ou menos 1 minutos, Brown mesmo reconheceu que, nesse ritmo, o filme ficaria com no mínimo 20 horas de duração, mais que o Senhor dos Anéis, a trilogia. Aí que aparece o abismo entre escrever romances e escrever roteiros.

Stephen King se configura no dois postos, autor e roteirista.

   Ambas técnicas não andam em conjunto por apresentarem não só formatos diferentes, mas técnicas diferentes. O livro tem um aspecto de detalhes abertos a imaginação quanto ao ambiente em que se passa mas de forma precisa, detalha seus personagens, jeitos de falar entre outras coisas que contribuam para a imaginação e interpretação do leitor. Já o roteiro, passa por muitas mãos distintas, pois sua função é verbalizar, uma ferramenta, transformando toda a história em imagens em movimento e que façam sentido. Por isso, a importância de todos no processo. 


Anna Muylaert, a roteirista brasileira em destaque com vários filmes recentes!

   O diretor vai imprimir a linguagem para narrar tal possível filme, a direção de arte com roupas, cenários e outros aspectos que componham a história, em sua essência e personalidade. O pessoal do som, da direção de fotografia, da edição e muitas outras áreas têm seu papel para fazer esse roteiro virar um filme coerente e narrável por si, sem confusão (ainda que todos esses estejam envolvidos, nenhum roteiro está livre de problemas ao adaptá-lo...), para que como um filho (novamente essa metáfora) ele alce seu voo para o mundo. Essas são outras funções que quem sabe num outro post falamos sobre cada uma delas... Comente qual tem mais curiosidade em saber!    

     E para ilustrar tal área, separei um vídeo do roteirista Diego Florentino: 






    Bom, como eu disse, vamos fazer o post em partes. Terminada essa primeira parte, espero que, mesmo que de maneira rápida, simples e um pouco superficial, tenha conseguido transmitir quem é e o papel do roteirista no meio desse emaranhado de profissionais que é o meio cinematográfico e que eu amo! 
   E você, já pensou em ser roteirista? Comente aqui embaixo, nos deixe uma mensagem em nossas redes sociais (e não deixe de  nos seguir por lá), pelo Facebook, Instagram ou Twitter, sobre o que achou mais curioso sobre a profissão. Nos mande suas dúvidas ou alguma coisa que saiba e eu não tenha falado, para conversarmos um pouco mais sobre a área!
   
Agradecimentos: Muito obrigada a todos que contribuíram com perguntas e todo tipo de ajuda para que eu escrevesse esse post, desde consultorias até me ouvir tagarelar sobre fazer ou não sentido ou simplesmente só falar sobre o assunto. Queria citar todos, mas tenho medo de esquecer alguém, na verdade. Então, muito obrigada, seus lindos! 💕


Espero que tenham gostado e até a próxima olhada!

     Onde ler roteiros:

OBS.: Alguns dos conhecimentos aqui compartilhados adquiri, além da pesquisa, ao longo de um curso de férias feitos na Academia Internacional de Cinema.






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