INFLUÊNCIA DOS FILMES: ROMANCE
Para onde caminharemos
com tanta ilusão? Já me peguei indagando isso diversas vezes ao acabar de
assistir a um filme de romance ou comédia romântica. Idealizados ou não, a
mágica cinematográfica consegue nos puxar para fora da realidade para imaginarmos tudo e projetarmos os acontecimentos expressos nesses gêneros para nossa
realidade.
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Loucamente Apaixonados (2011) |
Não estou me referindo a não reconhecer a
distância entre a vida real e a vida retratada em filmes, novelas, livros,
músicas... qualquer tipo de retrato artístico! E também não se tornam mitos ao
serem adaptados para a arte, mas se analisarmos bem, temos de levar em
consideração que se tratam de recortes da vida de alguém ou da personalidade
humana agindo em certos contextos, estando abertos para interpretações afins. O
artista tem de se libertar de sua arte e deixá-la tocar os outros da forma que
vier.
Agora,
os filmes, num geral, caminham muito diferente da vida real. Muito chato seria,
caso acompanhassem o personagem no cotidiano e na vida pacata que leva quando
não está na aventura proposta pelo roteirista, não é mesmo? Você procura o
filme para refletir, procurar esperança ou simplesmente se divertir. Está aí
uma herança um tanto romântica nossa (do movimento literário, Romantismo), o escapismo, o evitar o que está se
passando e o que estamos sentindo. Porém, os filmes vão além, conseguem te dar
a possibilidade de viver num intervalo de 2h a vida de outra pessoa, da
personagem inspirada na realidade, e
que passa, na maioria das vezes, por coisas muito mais interessantes do que as
que encontramos em nossas vidas. E a gama de consequências que vêm dessa
experiência é enorme. Às vezes nos inspiramos, se identificando ou se
motivando, ao se tratar de aspectos da história que imitam a realidade. Mas, às
vezes, levamos essas histórias como modelos para a vida.
Imitar a realidade é onde quero chegar.
Já notou quão bem as comédias românticas “imitam a realidade”? A verdade é que
ela se faz tão próxima que nós quase nunca percebemos como ela pode nos afetar
se não a virmos com bons olhos. Nos deixamos levar. Primeiro, as coisas
acontecem muito rápido. Temos noção do absurdo que às vezes aparecem como justificativa
em relação ao enlace instantâneo de um casal predestinados a viverem juntos.
Não questiono a predestinação, só a rapidez. Segundo, tudo parece estar fadado
a dar certo para o casal, mesmo que algo muito ruim tenha acontecido entre eles,
ou têm de terminar juntos, nunca sozinhos e felizes. Os sentimentos resultantes
ao assisti-los, toda a trajetória quase fora da realidade, onde tudo é
perfeito, nos faz sair em busca por algo muito parecido, para, quem sabe, ter
aquilo nas próprias vidas. Esse gênero padrões ditou, como quaisquer outros gêneros
já fizeram. O poder dos filmes está nisso, direta ou indiretamente, criar ou
evidenciar aspectos culturais, comportamentais ou de estilo de vida.
Todo esse pensamento sempre me
acompanhou. Nunca seria contrária a tal gênero, pois é o meu preferido e não posso
aboli-lo da vida de nenhum ser que já o conheceu! Pois, apesar de todos
aspectos levantados, ainda que superficialmente, percebe-se que nem tudo é
culpa dos filmes, falta equilíbrio. Além de, ao discutir o tema com uma amiga,
dei-me conta, ela falou sobre a esperança expressa por esses filmes. E se
procuramos nessa arte a fuga da realidade, não tem porquê negar a importância de
tal gênero. Afinal de contas, quem falaria de amor? Quem incitaria esse
sentimento nos desgostosos no assunto? Quem ajudará superar uma desilusão e
seguir em frente? Somente as experiências do próximo, os filmes. Projetar-se,
por um curto período, na vida de alguém, em alguma história nos faz crescer e
mudar de perspectiva.
Assim, quando assisti a Loucamente
Apaixonados (Drake Doremuss, 2011), confesso que foi depois de ter visto um vídeo da Karol Pinheiro, em que
ela indica filmes do gênero. Muitos me interessaram, mas esse, em especial,
porque eu já havia adicionado, tentado assistir os dois primeiros minutos,
desistido, tirado da lista e, depois desse vídeo, reposto. E não poderia ser
melhor para me ajudar a pensar sobre o assunto que trato nesse post. Existem
filmes e filmes, e há quem classifique a comédia romântica, ou romances num
geral, de acordo com o nível de clichês ao longo da narrativa. Um tanto injusto,
porque gosto de classificar de acordo com meu nível de envolvimento, tendo
esses filmes, normalmente, uma técnica e linguagem que dificilmente se destaca.
Mas, Loucamente Apaixonados diferencia-se
no meio dessa multidão, com uma pegada bem mais próximo da realidade e buscando
fidelidade com a mesma. Temos o casal Anna (Felicity Jones) e Jacob (Anthon Yelchi), estudantes na universidade
de Los Angeles, que já têm interesse um pelo outro antes do filme iniciar, mas
só se desperta a paixão pela iniciativa dela de mandar um texto seu para ele e,
então, decidirem se conhecer. E a partir daí, eles começam a se apaixonam. Na minha opinião, aconteceu de
forma natural e simples, sem acelerar em nada a narrativa. Claro que o filme
tem muita característica de passagem de tempo de várias maneiras interessantes,
como por exemplo, eles se olhando apaixonadamente ao longo de uma conversa,
transições vários dias que eles dormiram juntos e com roupas e jeitos
diferentes, mostrando esse tempo que eles passam juntos.
Tudo vai bem, até que, sendo Anna (aliás,
gostei muito dela, personalidade e estilo), britânica, tem seu visto de estudante
vencido e eles descobrem que possivelmente o relacionamento que vinham
desenvolvendo passa a ter prazo de validade, para o desespero deles que vinham
vivendo tudo intensamente. A partir desse ponto da
história, eles têm de decidir para onde a relação deles poderá ir dada a
distância de um oceano inteiro e as limitações que tinham no 2011 nem tão
distante, no qual o filme se passa. Não é só isso que dificulta a história dos
dois, mas a vida que vivem ou que têm de se adaptar sem o outro, o trabalho,
família e outras renúncias que tem de considerar para que o relacionamento
chegue perto de dar certo.
Muito eles se distanciam ao longo da
história e, como aquela velha amizade que supera tudo, quando se veem parece
que a distância nem existiu. Tudo acontece muito do ponto de vista de Anna, ainda que o relato das
histórias ao se separarem tenda ao equilíbrio, acabamos por saber muito mais
sobre ela, sua família, seu dia a dia e seu trabalho, ainda que nem tudo precise
de explicação no filme. Além disso, não sei se como um todo posso considerar
Anna como a única prejudicada pela escolha ou pelos sacrifícios ou, ainda, se
como tudo terminou era da vontade dos personagens, mas que com certeza, era melhor do que como eles estavam antes do final. E é isso a vida, feita de incertezas, nunca
saberemos sem a prática se certa escolha foi a melhor. Só me questiono quem
dos dois deveria passar por certa situação para chegar onde se chega ao “fim”
dado pelo filme. Não é o “final feliz” que nos deixa com um tom de satisfação e
de conclusão. Aí que está a realidade, a vida.
E foi isso que me agradou no filme. Ele
termina em aberto, eles não vão terminar “forçadamente felizes para sempre”,
não é uma mentira falar o “felizes”, nem o para sempre, apesar da ilusão que
cria, onde não há empecilhos para contornar ou qualquer outra coisa que fuja da
felicidade integral e realmente expressa, ainda que seja um aspecto bem
subjetivo da vida. Não só isso, gostei muito do desenrolar e de alguns aspectos
da edição dele que mencionei anteriormente.
O texto não se trata de uma crítica ou
tentativa de levantar uma bandeira de ódio em relação a filmes do meu gênero
favorito, jamais deixarei de assisti-los! Mas, uma tentativa de tornar a
experiência mais analítica. Apesar desse peso dos romances em geral, todo filme tem uma história relevante,
mesmo que seja o roteirista, a produção ou o diretor tenham priorizado só a
finalidade dele (entreter) sem preencher com uma boa história que nos traz
reflexões. Esses filmes não excluem a realidade, às vezes, nós, desatentos e
induzidos, que optamos por ocultá-la ao longo da narrativa para a nossa vida,
sem se importar em deixar-se influenciar.
Por isso, amemos os filmes e quem está
fora dele, mas lembremos dele como aquela história que seu amigo decide te
contar resumindo e ocultando detalhes, de forma que só quem os sabe é ele e nem
por isso deixaram de existir. Foi um recorte bem picado da vida dele, se ele
não for igual a mim, detalhista. Assim são os filmes e a melhor parte é não
perdemos o prazer de apreciá-los genuinamente.
Você já parou para refletir o poder dos
filmes sobre sua vida? Já considerou os romances num geral
percorrerem um padrão e nos motivar por meio dele? Vamos conversar! Comente,
mencione um filme que você gosta muito, tanto por ser do gênero ou outro que
seja diferente dos demais que você assistiu. Gostaríamos muito de saber! Quem
sabe não juntamos na nossa lista de filmes com finais e trajetórias
alternativas comparadas aos demais do gênero e fazemos uma lista para um post
no blog? 😉
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