NÃO É PERSONALIDADE FORTE, É PENSAMENTO CRÍTICO
AMERICANAH (CHIMAMANDA NGOZI ADICHIE)
Com os direitos do livro comprados pela atriz Lupita Nyong´o, ainda assim o romance não precisa de promessas cinematográficas quando tem a indescritível Chimamanda Ngozi Adichie como autora. Americanah, obra vencedora do National Book Critics Circle Award e eleito um dos dez melhores livros de 2014 pela NYT Book review, conquistou meu coração. Venham conferir o porquê.
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Foto: Daniele Souza |
Ifemelu,
uma jovem nigeriana, muito determinada e crítica, encontra-se na necessidade de
largar seu romance colegial com Obinze e sua vida acadêmica na sombria Nigéria,
que passa por um regime militar, além das greves das universidades, para tentar
a vida nos Estado Unidos. Com o apoio de sua tia que já mora lá, pois estuda
medicina, Ifem enfrenta os desafios de não somente ser imigrante, mas mulher e
negra, num país onde o racismo liderava e sobre julgava pessoas que nem mesmo
consideram essa coisa americana de “raças”.
Porém,
agora, 13 anos depois, Ifemelu se vê desencantada e sente falta de suas raízes,
ainda que a Nigéria não esteja nas melhores condições, ela deseja voltar. Sua
vida, sua cultura, tudo que ela é, não tem nada a ver com o país para onde
fugiu. Sente falta de tudo que a América não valoriza, sem contar seu receio de
se tornar o que mais temia, a crítica expressa no título da obra. Americanah, explicado na obra como uma
afetação dos nigerianos que se referem a quem volta dos Estados Unidos ou
outros países com o sotaque forçado e se sentindo superior.
Autêntica
em todos os sentidos, ela diz o que pensa e a crítica se torna o holofote do
livro, deixando o romance como pano de fundo, trazendo pensamentos e visões à
tona sobre determinados assuntos, principalmente as questões sociais, de forma
coerente, enquanto acompanhamos a vida de Obinze e Ifemelu, de tal forma a nos fazer
sentirmos amigos das personagens, devido tal intimidade. Em muitos momentos me
sentia a melhor amiga de Ifem, querendo conversar com ela ou opinar sobre
alguma situação que eu lia! Situações explanadas de forma profunda no livro,
que rendem à Ifemelu um blog de sucesso, dinamizando a narrativa e a deixando
ainda mais interessante, como quando tinha os posts escritos pela personagem e
os comentários deixados no blog dela.
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Fotos: Daniele Souza |
Com uma tridimensionalidade incomparável, a
narrativa de Chimamanda é um deleite ao leitor que se sente um espectador de
sessões de contação de histórias da própria autora, ainda mais pela veracidade
que ela transmite, parecendo uma de suas histórias pessoais. Não é à toa que
Americanah já foi traduzido para mais de trinta idiomas!
O romance
apresentado entre 3 países, Nigéria, Estados Unidos e Inglaterra, tem sua
narrativa dada de forma psicológica, pois já iniciamos a leitura com Ifem se
preparando para voltar ao seu país de origem e voltamos ao mesmo momento
diversas vezes ao longo da narrativa, como também alternando o ponto de vista
entre ela e Obinze. O que traz pouco mistério dentro das sete partes do livro,
mas uma expectativa que gera até uma certa ansiedade, ainda que eu tenha o
deixado em stand-by com o coração apertado, durante algum tempo devido algumas
responsabilidades. No entanto, quando retornei à leitura, a fluidez me
impressionou, ainda que tenha lá suas tantas 513 páginas.
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Foto: Daniele Souza |
E, assim,
não posso negar que me apaixonei pela obra e pelo trabalho da autora que na
primeira feira de livro que eu fui desde que comecei a ler, já comprei mais um
de seus livros (Meio Sol Amarelo, que já tem filme). Além da saudade que deu ao
fim, fui para o mais conhecido refúgio dos recém leitores de Chimamanda, o seu
discurso no TEDx em e-book gratuito, disponibilizado pela editora dos livros
aqui no Brasil (Companhia das Letras), o Sejamos
Todos Feministas, com pensamentos, observações e críticas sobre as questões
sexuais pelas quais passamos ainda hoje em dia. Discurso muito plausível, com
muitos exemplos que nos trazem muitas reflexões sem ódio e que realmente deseja
alcançar todos que pensam ou ainda não pararam para pensar nessa questão, pois
ele permeia em sua mente ainda dias depois.
Enfim, não tem nada mais o
que julgar de uma obra riquíssima em detalhes e aspectos culturais, um livro
que pode muito bem revolucionar o que conhecemos de literatura estrangeira.
Abriu portas para mim, que já me interesso muito pela cultura africana,
fazendo-me querer ir mais atrás de romances contemporâneos desse continente que
também agregou muito o que conhecemos hoje da cultura brasileira.
Sinopse: "Lagos, anos 1990. Enquanto Ifemelu e Obinze vivem o idílio do primeiro amor, a Nigéria enfrenta tempos sombrios sob um governo militar. Em busca de alternativas às universidades nacionais, paralisadas por sucessivas greves, a jovem Ifemelu muda-se para os Estados Unidos [...]. Quinze anos mais tarde, Ifemelu é uma blogueira aclamada nos Estados Unidos, mas o tempo e o sucesso não atenuaram o apego à sua terra natal [..]. Principal autora nigeriana de sua geração e uma das mais destacadas da cena literária internacional, Chimamanda Ngozi Adichie parte de uma história de amor para debater questões prementes e universais como imigração, preconceito racial e desigualdade de gênero. Bem-humorado, sagaz e implacável, Americanah é, além de seu romance mais arrebatador, um épico contemporâneo."
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