BATALHA DE COINCIDÊNCIAS

FILMES DO WOODY ALLEN COM JESSE EISENBERG




Quando referenciamos trabalhos de Woody Allen, altas expectativas estão envolvidas na escolha de um filme que o diretor/roteirista/ator assine. Decepção, quase uma surpresa, ainda que me reste muito para experienciar desse cineasta contemporâneo, me encontro, nesse exato momento, num empate entre quatro filmes que eu assisti (exceto o curta engraçadíssimo Édipo Arrasado (1989) da série de curtas de Contos de Nova Iorque).
Meia Noite em Paris (2011) tem seus altos encantos, igualmente o Magia ao Luar (2014), apesar de eu ter gostado muito mais do primeiro. São indiscutíveis, ainda mais pela história, algo que me conquista muito mais, ainda que eu note de vez em quando a técnica (cada dia, minha percepção parece mais aguçada). Em contrapartida, uma escolha inusitada para assistir Para Roma, Com Amor trouxe a coincidência, até mesmo em alguns outros sentidos, de ter o Jesse Eisenberg como ator, assim como o Café Society. Não há mais o que me explicar, agora somente as análises poderão dizer algo. Só lembrando que, faço esse adendo com cuidado para evitar confusão, tratarei do trabalho do cineasta em questão, não de sua vida pessoal; e dentre os 70 filmes que já tiveram seu trabalho, esses dois que menciono, acredito não desmerecer os demais.
E sem mais delongas... que a batalha comece!

Para Roma, Com Amor (2012)
"E você compra todas as porcarias que ela fala, porque ela parece saber todas as coisas certas para se dizer. Ela sabe nomes, sabe chavões, sabe certas frases culturais que insinuam que ela sabe mais do que realmente sabe.-John


Me venderam comédia romântica, comprei feliz e contente. No entanto, o filme pouco me rendeu risadas (muito pouco, mesmo) e ainda por cima, quase zero expectativas para romance. Pode ser que minhas referências estejam muito erradas ou não seja o  tipo de humor para mim. Há, sim, o romance, ainda que esteja forçando a barra para representar a imoralidade ou desejos além da razão.
O filme em si tem certas nuances de críticas feitas de forma preguiçosa e sem ser o alvo principal da trama que é mais enrolada do que aquele fone de ouvido mal guardado. O longa consegue entregar certas marcas de Woody Allen como os créditos no começo e a personagem narrador (às vezes presente em alguns de seus filmes) e ainda me deixando intrigada com a versão da música italiana Nel Blu Dipinto di Blu (que considero um clichê italiano, ainda que tenha gostado de relembrá-la) como introdução a uma história que se passa... onde mesmo? Roma, Itália.



Ainda assim, o que me manteve atrelada ao filme foi nada mais e nada menos por retratar 5 tramas de uma vez; 1) a garota que vai se casar com italiano e tem o pai (Woody Allen) como um aposentado produtor musical; 2) um burguês pacato que vira famoso da noite para o dia; 3) um casal italiano provinciano; 4) um arquiteto italiano em viagem de volta à Roma; 5) um estudante de arquitetura (Jesse Eisenberg) que conhece o famoso arquiteto da história 4, recebendo muitos conselhos desse. Sendo que a quinta história me venceu pelo carisma que eu acredito que Jesse Eisenberg carrega como ator, a primeira pelas ideias inusitadas que envolvem cantar ópera debaixo de um chuveiro em cima de um palco; e a segunda por estar intrigada com o enredo preguiçoso e que parece levantar a crítica da fama pela fama (algo que o roteirista gosta muito de retratar).


Com referências ao tradicionalismo corruptível, talvez uma espécie de comédia, entregam o longa como se fossem vários insights de Allen reunidos num filme só. Senti, num geral, que as histórias entregam tudo com imprecisão fugindo às interpretações alheias ou críticas corajosas, muitos personagens ao mesmo tempo e explorados de forma rasa para caber nos típicos 90 minutos. Temos ingenuidade (na terceira), desejo irracional (em todas histórias), universo fantástico ou não (na quarta e quinta) e ambição afetada (pelo personagem de Allen), ainda mais com a fama (principalmente na segunda história).



Café Society (2016)
"O amor não é racional. Você se apaixona, você perde o controle." -Steve

 Coincidência ou não eu ter separado para assistir esse filme na mesma semana que assisti ao outro, a única coisa que eu sei que quando percebi, sabia que renderia um post. Dessa vez, com uma história mais receptiva por mim, temos Bob (Jesse Eisenberg) como um cara de Nova Iorque que desiste dos negócios da família judia que vive no Bronx para tentar uma chance com o agente super famoso de Hollywood, seu tio Phil (Steve Carrell, muito bom no gênero da dramédia). Ainda que Allen responda que Bob não é seu alter ego, vemos certas semelhanças entregues no contexto da personagem e seu jeito de se vestir, ainda que o filme se passe nos anos 30. O que parecia ser uma história de decisões e conquistas, somente, do primeiro para o segundo ato do filme temos o enlace do triângulo amoroso, que desperta indecisão na moça cheia dos encantos, Vonnie (Kristen Stewart) que fisga tanto tio quanto sobrinho e tem dificuldades em lidar com tal decisão. O rico e maduro Phil ou o sensível e ingênuo Bob?



Ainda que seja bem sofisticado em termos técnicos (investimento em jogo de câmera, planos e fotografia com muitas penumbras em alguns momentos e tons sépias para Los Angeles), o peso do roteiro caiu como uma pena para mim do meio para o final do filme (ainda que eu sinta um forte perigo em dizer isso do profissional mais aclamado nessa área). O assunto se repete e as piadas que ultrapassam o nível de respeito em relação à religião, me deixam perplexa. Entretanto, você se anima em acompanhar Bob e os subplots que aparecem misturando a dramédia e o gangster com o irmão de Bob, parecendo até um filme a parte, mas torna o longa dinâmico em muitos aspectos.


Já falei demais de Jesse Eisenberg, ele entrega muito bem o papel. A questão que gera dúvida é a atriz Kristen Stuart que é apresentada como coadjuvante e acaba como a principal, mas não se entrega isso. Em momentos, natural, nos mais românticos principalmente, em outros, robótica, ou até mesmo conflituosa em relação ao que seu figurino entrega e a personalidade da personagem (nesse caso não sei quem pecou ou se é proposital). Blake Lively consegue parecer muito mais a principal do que a Kristen, apesar de não ter sua personagem bem explorada, talvez por motivos de estar grávida na época ou algo do gênero. Mas com ela em cena, torcia muito mais pelo romance do que com a Kristen Stewart. Já Steve Carrell dispensa apresentações, mesmo que em momentos sérios ele parecia querer me fazer rir, ainda não sei bem se é a expressão facial dele ou a comicidade da cena...



Meu veredito da batalha
Do Woody Allen ou não, o desenvolvimento da história e o enredo em si, são muito mais importantes para mim do que outras coisas, por mais que eu leve em conta outros aspectos que me chamem a atenção, eles terão peso menor em relação ao roteiro. Portanto, entre poucos pontapés e um fraco nocaute... Temos:
Café Society 
       Para Roma, Com Amor  

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Até a próxima olhada!  

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