O Musical do meu filme favorito no Brasil
Quando assisti ao filme Cantando na Chuva (Stanley Donen e Gene Kelly) pela primeira vez, no começo do ano, já estava no clima que eu amo, os musicais. Foi intencional ou pura coincidência que assisti logo um dia antes de La La Land (Damien Chazelle) que, também, conseguiu conquistar meu coração, sensível a este gênero. O DVD que tanto havia buscado para comprar, não esperava guardar um dos meus filmes favoritos!
Por isso, quando minha mãe comprou os ingressos (que só depois de assistir fui descobrir que está no fim da temporada) para o musical, em cartaz no Teatro Santander, me animei para poder ver a adaptação do filme, sem o jogo do cinema, com as limitações do palco e ao vivo. Os direitos da peça foram comprados pela atriz Claudia Raia, que é produtora executiva e interpreta Lina Lamont na história, sendo assim a estrela desta, ainda que não tenha o papel de mocinha como da Kathy Selden (Bruna Guerin).
Comentários Gerais
Toda a tecnologia aclamada, principalmente, de som que é captado da cabeça aos pés, ouvindo-se sapateados, chuva, música, tudo ao mesmo tempo e ao vivo. Toda engenharia da peça esplendida! Como é claro que é ela que chama todo público a assistir o fazer chover em cima do palco, show que pede um repeteco em forma de epílogo no roteiro da peça, esbanjando a tecnologia que trouxeram da Inglaterra. Chove água a 25oC, com um piso especial para ela escorrer e ser reciclada, evitando, claro, acidentes durante os números musicais de sapateado.
As 432 horas de ensaio e as músicas adaptadas ao nosso querido português trouxe muito o que se aproveitar de bom da produção brasileira, com versos como “Eu canto por aí, eu danço por aí...”, “Faça rir!”, “Vem dançar!”, “Bom dia, bom dia...”, entre outras, que conseguiram segurar o sucesso das versões em inglês fielmente. Trouxe para o público brasileiro, que assistiu ao filme em inglês sem dublagem das canções, um gostinho para uma aproximação com nosso entendimento, nos cativando mais.
Interpretações
Assim que Jarbas Homem de Mello surgiu no palco como o Don Lockwood, pude, mesmo de longe, sentir como se fosse o próprio Gene Kelly na sua interpretação cinematográfica. Sua voz bem moldada me remeteu várias vezes ao filme, me confundindo de vez em quando. Foi bem persuasivo quando exigia e bem medido ao longo do enredo que ele carrega, ainda que tenha sentido pouco da comicidade que Don carrega na presença de Cosmo.

Enquanto Bruna Guerin conseguiu cativar quando aparecia interpretando a Kathy Selden, do jeitinho que eu me lembrava do filme, ainda que esperasse uma maior atenção a mocinha. Tem uma voz doce e de se contemplar.
Por fim, o Cosmo Brown (meu personagem favorito da trama) interpretado pelo ator Reiner Tenente, me deixou contente em sentir quase a mesma coisa que senti com a representação de Donald O'Connor, ainda que por momentos mantivesse a essência da personagem senti algumas mudanças, mas nada que enfraquecesse o personagem.
Quanto aos demais personagens, senti tudo bem pincelado, sem muitas mudanças e de agradáveis interpretações.
Como não comparar?


Por isso as comparações com o filme serão imprescindíveis em minha mente. Foi o tempo todo durante a peça, momentos que ficava contente com a adaptação e outros que me decepcionaram com mudanças questionáveis para quem é fã. Mas ao se tratar de uma releitura, tudo se perdoa. Assim como os filmes fazem com os livros, as peças fazem com os filmes e vice e versa, aceitamos e apreciamos, mesmo apontando o que não gostamos.
A começar com a cena inicial do tapete vermelho, lado a lado, nada muito diferente na essência. Gostei do detalhe do teatro que não tem no filme, a interação do público maior fez parecer muito mais real o momento.
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primeiro filme, ainda representado no estilo mudo |
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segundo filme, na tentativa de fazer falado |
Como já havia dito e muitos sabem, cenas que foram inviabilizadas pelos palcos e são muito legais no filme, está o encontro de Don Lockwood com Kathy Selden. No filme ele correndo feito um louco, fugindo das fãs, pula para dentro do carro de Kathy, a assustando. Enquanto no teatro, tudo mais tranquilo, ele sai para caminhar, despista as fãs e se mostra muito amigo do guarda de rua (o poder da fama) impedindo qualquer histeria que a Kathy, persuadida de forma incisiva por ele, pudesse ter. Ela estava simplesmente sentada esperando o ônibus. Confesso que fiquei com medo do Lockwood nessa cena, se estivesse no lugar de Kathy.
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não encontrei da versão brasileira |

Claudia Raia arrasou no humor na cena de gravação com microfone, fazendo uma Lina autêntica que quer ser cômica e ri de si mesma.
Minha única decepção com “Bom dia” foi o cenário, que era para ser na casa com um sofá, foi na rua com o mesmo banco de praça da outra cena...
Não podemos negar a esperada e aclamada performance de “Singing in the rain, just singing in the rain...” ou “Cantando por aí, dançando por aí...”, como preferir de agora em diante! Com direito a capa de chuva amarela para as primeiras filas e o Don chutando a água da poça que forma no beiral da calçada, em frente a orquestra, na direção do maestro (também, com sua capinha amarela).
Por fim, minha sequência preferida, que foi inspiração para La La Land, veio de uma forma muito mais compactada, mostrada de forma diferente e sem o intuito expresso no filme. Bem resumida e sem todas as luzes e sem a dança de Don e sua musa Kathy, somente com a sedutora que aparece de verde e é amiga de gângsters (que no filme, curiosidade, a Cyd Charisse –a de verde – era muito mais alta que Gene Kelly, ficando sempre com os joelhos contraídos dando estilo para coreografia).
Por fim, o que temos de extra na peça de teatro é um número exclusivo de Lina cantando; e a cena final para mais um banho de chuva, que não vai fazer mal!
Ainda que eu tenha me apaixonado muito mais pelo filme (porque primeiro amor nunca esquecemos), recomendo muito a peça para sair cantando todas as músicas (ou a que mais gostar/tocar), querendo sapatear e fingir que está num musical. Gosto muito de ver os musicais que trazem de outros países para o Brasil, já que sou fã do gênero e o dinheiro não permite viajar e vê-los na Broadway.
Ainda dá tempo de correr para a última semana da temporada desse musical no Teatro Santander, que vai até dia 17 de dezembro, com preços que variam de 50 a 260 reais, além das meia entradas e a distribuição de assentos serem boas para assistir o espetáculo de qualquer canto, mesmo que você não leve um banho de chuva.
Ingresso: http://www.teatrosantander.com.br/programacao/cantando-na-chuva
**ATUALIZAÇÃO! O cinemark está com a sessão Clássicos do Cinema exibindo o filme no dia 12/12/17: https://www.cinemark.com.br/filme/classicos-2017-cantando-na-chuva
*Imagens retiradas em pesquisa no Google Imagens
**ATUALIZAÇÃO! O cinemark está com a sessão Clássicos do Cinema exibindo o filme no dia 12/12/17: https://www.cinemark.com.br/filme/classicos-2017-cantando-na-chuva
*Imagens retiradas em pesquisa no Google Imagens
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